segunda-feira, 11 de julho de 2016

Culpa

Eu poderia culpar vários momentos. E vou. Porque a culpa de não me conter nunca e deixar que eu me atropele e atropele tudo o que eu gosto é grande. Também é grande a culpa de me jogar em tudo, sem freios. Será que tenho culpa de ficar feliz com o pouco? Sim. A tenho. Bem aqui, pertinho. Bate dentro de mim, o tempo todo. Todo dia, toda hora, todo momento.

Minha cabeça dói. E essa dor não passa desapercebida. Não consigo lidar com ela de um jeito natural. Como resposta do meu corpo? Balela. É a resposta das minhas atitudes que contam. E quais são as atitudes? Todas aquelas que me levam a crer em tudo. A crer demais. Esse é mais um texto sobre acreditar. E eu continuo, sabe? Eu continuo a acreditar. 

Sem acreditar eu não vivo. Não ando. Não vou pra frente. Empaco feito um burro diante de uma armadilha. No entanto, isso não vale nada. Tenho que aprender a empacar. Tenho que aprender, mesmo aos 40 anos, que eu não posso, de novo, de forma alguma, de jeito nenhum, atropelar as coisas. 

Porque assim, está mais do que provado: eu as perco. Perco sempre nos melhores momentos, inclusive. Preciso desacelerar. Ter serenidade para enfrentar as coisas de frente. Dar um jeito na minha vida. Ir embora e abandonar tudo? Jamais! Mas tenho que me desapegar de sentimentos que eu, de novo, atropelo. Tenho que ser serena. 

Procuro paz. Encontro a ansiedade. Procuro amor. Encontro a incerteza. Procuro a dor e essa sim eu encontro rapidinho. Por quê? Porque essa se instala e não sai. Pareço louca? Sim. E talvez esteja. Talvez o seja. Eu já disse aqui mesmo neste espaço que eu odeio ter autopiedade. Mas hoje, meus caros, é exatamente isso que eu quero. Porque preciso. Porque mereço. Porque procuro. 

domingo, 10 de julho de 2016

Expectativa e acaso

Um dia a gente fica solteira. Chega em casa com aquele ar de "cadê todo mundo?!" e vai lavar a cara que está um pouco melhor. Afinal, os dias passam. Você se acostuma a este estado e agora o acha bom. Beeem bom. 

Procura leveza nas coisas, nas ações, nas atitudes. Entretanto, uma leve ansiedade bate. Bate e pega de jeito. Mas não tem a ver com o fato da solteirice em si. Tem a ver com uma expectativa boa, criada a partir de seu fantástico mundo. 

Dificilmente a gente cria expectativas ruins. Quando são ruins, não são expectativas. Até prefiro tratá-las como acaso. Ninguém quer o negativo, o triste, o medo, a dor. Ninguém. Pode até falar que é uma sofredora nata. Que passou por isso um milhão de vezes e até que sabe que passará mais dois milhões. 

Ninguém gosta. Eu também não gosto. Mas de nada adianta. O sofrer não pode ser simplesmente justificado e deixado pra lá. Tem que ser vivido. Não, não estou sofrendo. Já passou, ok? Mas quero expectativas na vida. Esperanças reconstruídas a partir de um pequeno sorriso ou de algo que o valha. Quero esperar pelo bem, pelo bom, pelo tudo. 

terça-feira, 28 de junho de 2016

Tratado, texto, cartilha

Queria ter um tratado. Um tratado, texto, cartilha. Algo que ensinasse bem formatado o modo simples de gostar de alguém. No entanto, relacionamentos são diferentes. As buscas são diferentes. A magia é diferente. 

E essa diferença carrega um peso. Carrega também um molde construído e enraizado fortemente, cheios de "e se"; "por quês"; "como"... A verdade é que o tal molde também tem de ser mudado. Atualizado, reciclado, novo. 

Porque o novo só acontece quando a argila está mole; maleável. Remoldá-lo não é das tarefas mais simplórias. Tem que cortar arestas. Tem que reformular e construí-lo, muitas vezes, do início. 

Como se fosse tudo novo de novo. Porque assim, o é. É preciso força. É preciso respeito, consenso, virtude. Estou aqui com o meu molde em reconstrução. Corto o que não serve. Exploro movimentos novos. 

E não há como deixar de fora o ingrediente principal: a atitude. A atitude de seguir sempre em frente. Com ou sem um norte estabelecido. Me jogo. Assim, para que serviria o tratado mesmo? 

A constatação aqui é que ele não existe. Ainda bem!